Sou bancário e sofri assédio moral: o que fazer?

Compartilhe
Sou bancário e sofri assédio moral: o que fazer?
Resumo em tópicos

O assédio moral a bancários é uma realidade muito comum no Brasil.

Isso porque o ambiente bancário, infelizmente, é muito propício à prática de assédios.

A necessidade constante de bons resultados muitas vezes leva a cobranças abusivas que tornam o ambiente de trabalho insustentável.

Passar por essas situações leva a traumas profundos, que acompanharão o trabalhador por toda a vida.

Por isso, é muito importante que você, bancário, consiga reconhecer os sinais do assédio moral e saiba exatamente o que fazer caso passe por essa situação tão desgastante.

O ambiente de trabalho não é terra sem lei, e o trabalhador precisa ser respeitado.

Então hoje eu quero que você saiba identificar possíveis assédios e conheça os seus direitos, para que, se necessário for, possa se proteger dessa prática tão absurda.

Quem é considerado bancário?

Um bancário é um profissional que trabalha em uma instituição financeira, como um banco, e é responsável por executar uma variedade de tarefas relacionadas aos serviços financeiros.

Isso pode incluir a abertura de contas, processamento de transações bancárias, venda de produtos financeiros, resolução de problemas de clientes, gerenciamento de riscos e muito mais.

Em resumo, os bancários são os funcionários que ajudam a manter os serviços bancários funcionando de maneira eficiente e segura.

Na legislação trabalhista, bancários são os empregados em bancos e instituições financeiras, e também, os que trabalham em empresas de crédito, financiamento ou investimento.

Além disso, a legislação trabalhista (CLT) também estabelece normas para suas férias, licenças, remunerações, jornada de trabalho e outras questões.

Cabe destacar que, além da CLT, os bancários também são regidos por acordos coletivos negociados com seus sindicatos, que definem questões específicas de cada categoria e instituição bancária.

O que é assédio moral?

Em suma, assédio moral é uma forma de abuso psicológico que ocorre no ambiente profissional.

Consiste em ações repetitivas e negativas, como humilhações, insultos ou isolamento, direcionadas a um indivíduo ou grupo.

Essas condutas visam prejudicar a autoestima, a dignidade e a saúde mental das vítimas.

No setor bancário, o assédio moral normalmente refere-se a comportamentos hostis, como pressão excessiva por metas, humilhações públicas ou exclusão deliberada.

Essas práticas normalmente dirigem-se do superior hierárquico para seu subordinado, e prejudicam a saúde mental dos bancários, reduzindo a motivação para o trabalho.

Muitas vezes, inclusive, esses assédios acabam forçando a demissão do trabalhador.

É importante ressaltar, que o assédio moral não se trata de eventos isolados, mas de um padrão reiterado de práticas humilhantes, excludentes ou constrangedoras.

Alguns exemplos de práticas que caracterizam assédio moral a bancários são:

  • Chamar repetidamente de incompetente ou outras palavras depreciativas;
  • Ameaçar constantemente de demissão;
  • Dar ordens confusas e contraditórias, induzindo ao erro;
  • Dar metas impossíveis;
  • Isolar;
  • Gritar;
  • Desviar de sua função;
  • Dar exigências para extrapolar a jornada de trabalho;
  • Pressionar a vítima para que ela abra mão de direitos;
  • Espalhar boatos;
  • Sobrecarregar com tarefas;
  • Criticar a vida pessoal;

Entre muitas outras situações.

Essas práticas podem ocasionar sérios danos à saúde psicológica e à integridade física, devendo ser sempre combatidas.

Consequências do assédio moral

O assédio moral em bancários tem efeitos profundos.

Ele afeta negativamente a produtividade, levando a erros e queda no desempenho.

Muitas vezes, o bancário perde totalmente o prazer pelo trabalho.

Além disso, essa situação pode causar ansiedade, estresse e até depressão, prejudicando a saúde mental.

É muito comum que bancários que sofrem assédio moral desenvolvam Síndrome de Burnout.

Por isso, é muito importante agir rapidamente quando percebemos sinais de assédio moral, de modo a evitar essas e outras graves consequências.

O que o bancário deve fazer quando sofre assédio moral?

Muitas vezes, a vítima do assédio moral acaba silenciando suas dores, diante do enfraquecimento psicológico que o assédio moral pode causar.

O medo faz com que a vítima deixe de denunciar e buscar os seus direitos.

Mas se você já identificou que está sofrendo assédio moral, não se cale.

Você não merece passar por isso.

Vou lhe contar as condutas que você deverá tomar.

Paralelamente a isso, não esqueça de se cuidar, busque auxílio psicológico e junto a sua família.

1º Guarde provas

Se você já reconheceu os sinais de que está sofrendo assédio, comece o mais rápido possível a juntar provas.

Grave o que for possível, tire prints de mensagens e e-mails, etc.

Isso porque, se você decidir entrar na justiça, será necessário provar essas alegações, seja com documentos, testemunhas ou outros meios de prova.

Portanto, após reconhecer os atos de assédio, o primeiro passo é guardar as provas.

2º Se estiver confortável, converse com a pessoa

Aborde o assunto com a pessoa responsável ou supervisor, mas apenas se sentir segurança.

Explique como se sente e compartilhe suas preocupações.

Caso não se sinta confortável, não tem problema, haverá outras alternativas.

Mas, as vezes, uma simples conversa pode resolver o problema.

3º Se informe sobre as políticas internas do banco contra assédio

Procure conhecer as políticas da empresa sobre assédio e os procedimentos de denúncia disponíveis.

Se necessário, faça uma denúncia formal seguindo os canais estabelecidos pela empresa.

O correto será haver alguma resolução para esse grave problema.

4º Busque auxílio jurídico

Caso não haja ação adequada, o mais indicado seria consultar um advogado especializado.

As vezes as políticas internas, infelizmente, são pouco eficazes.

Então, o mais adequado seria dar um basta nessa situação.

Um bom advogado trabalhista bancário será capaz de lhe orientar quanto aos seus direitos e a melhor conduta que poderá ser tomada para lhe resguardar.

Por isso, o que indico é que você busque um bom profissional, narre o que e quem vem lhe incomodando, dê os detalhes e conte se você tem condições de comprovar a prática dessas condutas. 

O profissional irá analisar o seu caso em específico e fornecer as orientações adequadas.

Quais direitos o bancário que sofre assédio moral tem?

Já lhe contei que você deverá buscar um profissional para analisar as peculiaridades do seu caso.

Mas irei a seguir lhe explicar quais seriam, basicamente, os principais direitos caso esteja sofrendo assédio moral no seu trabalho.

Rescisão indireta do contrato de trabalho

Um dos principais direitos seria a possibilidade de rescisão indireta do contrato de trabalho.

A rescisão indireta do contrato de trabalho seria quando a justiça entende que o trabalhador foi obrigado a se demitir.

Assim, o trabalhador poderá sair do seu emprego e receber todas as verbas que teria direito caso fosse demitido sem justa causa.

Essa demissão é possível quando o empregado é prejudicado no trabalho, em razão do seu empregador estar descumprindo suas obrigações contratuais.

Quando constatado que o bancário passa por situações vexatórias e humilhantes, será possível pleitear a rescisão indireta do contrato de trabalho.

Isso tem por base legal a própria legislação trabalhista, no seu artigo 483, que descreve as situações ensejadoras da rescisão indireta:

  • exigir de seus funcionários serviços superiores às seus forças, proibidos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
  • quando o funcionário for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;
  • não cumprir o empregador as obrigações do contrato de trabalho;
  • praticar o empregador ou seus prepostos, contra o empregado ou pessoas de sua família, ato lesivo a honra e boa fama;

Assim, tenha em mente que, sempre que o empregador praticar esses atos contra o bancário, ele estará cometendo uma falta grave, e que pode dar ensejo ao pedido de rescisão indireta do contrato.

Indenização por danos morais e materiais

Se for possível comprovar a existência do assédio moral (daí a importância de guardar todas as provas!), poderá ser viável requerer a indenização pelos danos morais e eventuais danos materiais.

O juiz poderá reconhecer a existência dos danos morais e determinar que o seu empregador lhe pague indenização pelos danos morais.

E caso você tenha gastos com tratamentos psicológicos, médicos, medicamentos, será possível também pedir a indenização por esses danos materiais.

Como contratar um Advogado Trabalhista Bancário?

Atente-se ao seguinte: ações bancárias possuem um certo grau de complexidade.

Desse modo, é muito importante que você busque um advogado que tenha, de fato, experiência em causas trabalhistas bancárias.

Veja que você poderá buscar um advogado perto de você, para atendimento presencial, ou poderá também realizar uma busca na internet de um profissional com experiência na área, o que aumentará as suas opções.

A tarefa de achar um bom profissional pode ser um divisor de águas na sua causa, e pode determinar a sua vitória ou a sua derrota no processo.

Saiba que, hoje em dia, a Justiça do Trabalho vem funcionando por meio do “Juízo 100% digital”, onde o processo trabalhista pode se dar de forma completamente remota, sem a necessidade de atos processuais de forma presencial.

Assim, você pode optar por contratar de qualquer lugar do país, pois ele conseguirá fazer todo o seu processo na forma online, por meio da rede mundial de computadores.

Logo, se você optou por essa modalidade, depois de decidir quem será sua advogado, não deixe de realizar algumas pesquisas.

Coloque o nome dele no google para verificar se ele é um advogado atuante.

Essa consulta também pode ser realizada no seguinte site: cna.oab.org.br, o Cadastro Nacional dos Advogados do Brasil.

Isso tudo lhe permitirá ter mais segurança e pode ser uma garantia de que você está sendo atendido por um bom profissional, ou pelo menos, um advogado que está ativamente militando em processos trabalhistas.

No mais, lembre-se que é muito importante a relação de confiança entre as partes.

Logo, não deixe de ter uma boa conversa com seu advogado, e, sentindo que ele pode dar conta da sua causa, não deixe de dar uma oportunidade para esse profissional. 

Saiba mais detalhes sobre a contratação de um advogado trabalhista bancário.

Conclusão

Hoje eu falei com você, trabalhador bancário que sofre assédio moral no ambiente de trabalho, e busquei lhe passar todas as informações necessárias para garantir seus direitos.

Você não merece passar por isso!

Se identificar que está sofrendo assédio moral, busque ajuda, se cuide e lute pelos seus direitos!

Não deixe de buscar ajuda de um Advogado Trabalhista.

Veja que o Advogado Trabalhista será o seu protetor, o instrumento responsável pela concretização de todos os direitos do bancário que sofre assédio moral.

Por fim, em resumo, podemos dizer que aqui você aprendeu o seguinte:

  • O que é e como identificar assédio moral;
  • Consequências do assédio moral;
  • O que o bancário deve fazer quando sofre assédio moral;
  • Como contratar um advogado trabalhista bancário.

No mais, espero que tenha gostado do meu conteúdo.

Um abraço e até a próxima!

Saiba mais sobre os direitos do bancário com Síndrome de Burnout.

Adv. Alfredo Negreiros
Advogado Alfredo Negreiros, inscrito na OAB/CE sob o número 43.475. Especialista e pesquisador em Direito do Trabalho. Entusiasta de atividades físicas, apreciador de café, dedicado à família e amante de bons vinhos.
Outros artigos do Blog

Receba seu atendimento
sem sair de casa.
Advogados especialistas.