Como evitar ações trabalhistas: práticas que devem ser adotadas

Compartilhe
Descubra práticas simples e eficazes que você pode adotar para evitar ações trabalhistas e proteger sua empresa de prejuízos.
Resumo em tópicos

Descubra práticas simples e eficazes que você pode adotar para evitar ações trabalhistas e proteger sua empresa de prejuízos.

Você está no seu escritório.

A rotina corre normalmente, até que uma carta registrada chega em suas mãos: é uma notificação da Justiça do Trabalho.

Um ex-colaborador está te processando.

Alega que fazia horas extras sem receber, que recebia cobranças fora do expediente, que não tinha pausa para almoço…

Grande parte disso era mentira.

Se você já passou por isso, sabe o quanto uma ação trabalhista pode doer no bolso, no emocional e na reputação da empresa.

Se ainda não passou, saiba que infelizmente essa é uma realidade muito comum no Brasil, e nenhum empregador está totalmente livre de receber processos trabalhistas.

E o pior: muitas dessas ações são evitáveis com práticas simples no dia a dia da empresa.

Segundo dados do Tribunal Superior do Trabalho, milhares de empregadores são processados anualmente por falhas que poderiam ser prevenidas com um mínimo de organização e orientação jurídica.

Isso mostra que o problema não é má-fé, é falta de preparo e informação.

Por isso, quero lhe ajudar.

Neste artigo, vou mostrar como evitar ações trabalhistas de forma prática, ética e segura.

Você vai aprender o que fazer (e o que nunca fazer) para manter seu negócio protegido e seus colaboradores mais satisfeitos.

Vamos lá?

O que mais causa ações trabalhistas contra empregadores?

Antes de saber como evitar ações trabalhistas, é fundamental entender o que as motiva.

E aqui vai uma verdade direta: a maioria dos empregadores não age com má intenção.

O verdadeiro problema está na falta de atenção aos detalhes do dia a dia.

A Justiça do Trabalho está lotada de processos movidos por falhas simples, como atrasos no pagamento, falta de registros adequados ou comunicação falha com o funcionário.

Vamos ver, na prática, os principais motivos que levam empresas a ser processadas:

-Registro de jornada malfeito (ou inexistente)

Sabe aquele funcionário que entra 10 minutos antes e sai 15 minutos depois todo dia?

Se você não tem um controle de ponto adequado, esses minutos somam horas, e podem virar uma bomba-relógio em uma futura ação trabalhista.

Empresas que não registram jornada ou que fazem isso de maneira informal (sem validade legal) ficam vulneráveis a alegações de horas extras não pagas.

-Desorganização na folha de pagamento

Não pagar corretamente férias, 13º salário, adicionais (noturno, periculosidade, insalubridade) ou verbas rescisórias é abrir as portas para um processo.

E muitas vezes, o erro acontece por descuido, não por má-fé.

O problema é que a Justiça não perdoa a desorganização, e ela custa muito caro.

-Demissões mal conduzidas

Demissões feitas sem diálogo, sem documentação de advertências anteriores ou com justificativas vagas (especialmente em casos de justa causa) geram insegurança jurídica.

O funcionário se sente injustiçado, e o próximo passo quase sempre é um advogado.

-Ambiente de trabalho tóxico ou inseguro

Ambientes com assédio, excesso de cobrança, piadas ofensivas ou falta de estrutura mínima geram o que chamamos de dano moral trabalhista.

Mesmo que o empregador não tenha participado diretamente, ele é responsável por garantir um espaço saudável e seguro.

Além disso, uma grande parte das ações trabalhistas são motivadas pelo sentimento de vingança, por mágoas que o funcionário guarda de seu empregador.

-Falta de orientação jurídica no RH

Muitas empresas, principalmente as pequenas, não têm um advogado trabalhista acompanhando de perto suas decisões.

Isso faz com que erros se acumulem até que alguém decida cobrar seus direitos na Justiça.

__________________

A grande lição que podemos extrair desses motivos expostos é muito simples: ações trabalhistas não nascem do nada.

Elas são fruto de brechas deixadas no dia a dia da gestão.

E o que hoje parece um simples detalhe, amanhã pode custar caro.

Por isso, no próximo tópico, vou direto ao ponto: quais são as práticas que todo empregador deve adotar para se proteger e evitar essas situações?

Práticas essenciais para evitar ações trabalhistas

Evitar ações trabalhistas não é um mistério.

É questão de prevenção, organização e respeito às regras.

A seguir, veja práticas que funcionam na realidade de qualquer empresa, do pequeno comércio ao grande escritório.

1. Tenha contratos de trabalho bem elaborados

O contrato é o ponto de partida de toda relação empregatícia.

É ele que define regras claras, funções, jornada, salário, direitos e deveres.

Usar um modelo genérico da internet pode parecer prático, mas é um erro com alto potencial de risco.

💡 Dica prática: Consulte um advogado trabalhista para elaborar contratos personalizados e claros. Atualize-os sempre que houver mudanças no vínculo.

2. Mantenha um controle de ponto válido e confiável

É aqui que muitos empregadores tropeçam.

O controle de jornada não é só burocracia.

Ele é a sua principal prova em casos de discussão sobre horas extras, intervalos ou banco de horas.

Você pode usar ponto eletrônico, aplicativos ou mesmo livro de ponto, desde que respeite os critérios legais.

⚠️ Atenção: sistemas que permitem manipulação ou não registram os intervalos corretamente perdem validade em juízo.

3. Cumpra rigorosamente os prazos e obrigações legais

Férias vencidas, atrasos em rescisões ou pagamento fora do prazo do salário são erros pequenos que geram grandes problemas.

O juiz do trabalho costuma considerar o histórico da empresa.

Se você mostra desorganização ou reincidência, perde credibilidade, mesmo que tenha boas intenções.

4. Formalize advertências e feedbacks

Antes de demitir por justa causa ou alegar comportamento inadequado, é importante registrar as advertências por escrito, com ciência do funcionário.

O que não está no papel, não existe, pelo menos na Justiça do Trabalho.

A minha dica é: crie um modelo de advertência simples e aplique sempre que necessário.

Evite “deixar pra lá” atitudes que já seriam motivo de correção.

5. Promova um ambiente de trabalho saudável

Ações por assédio moral, pressões excessivas ou ambiente tóxico estão entre as que mais crescem no Brasil.

Além disso, como eu já lhe disse, grande parte das ações trabalhistas são motivadas pelo sentimento de vingança e por mágoas e ressentimentos que o funcionário guarda de seu empregador ou superiores.

E, muitas vezes, o empregador nem sabe o que está acontecendo nos bastidores da equipe.

Por isso, é importante buscar entender como está o clima organizacional.

Converse com os funcionários, e tente entender se há algo de errado.

Pode ser interessante criar um canal anônimo para denúncias.

E, acima de tudo, tome providências rápidas quando houver um problema interno.

6. Treine sua equipe de liderança

Gerentes, supervisores e encarregados devem ter a devida orientação.

Um comentário inadequado, uma cobrança fora do expediente ou um WhatsApp enviado no domingo pode virar prova em um processo.

Promova treinamentos periódicos para sua equipe.

A cultura da empresa deve refletir respeito à legislação trabalhista em todos os seus setores.

7. Tenha uma assessoria jurídica trabalhista preventiva

Você não precisa (e nem deve) esperar um problema aparecer para chamar um advogado.

O ideal é que seu RH trabalhe lado a lado com uma consultoria jurídica, revisando contratos, procedimentos e condutas.

Isso é o que chamamos de advocacia preventiva.

E tenha certeza que esse investimento custa menos do que qualquer condenação judicial.

Vale a pena ter segurança nas suas condutas e mais tranquilidade acerca do futuro da sua empresa.

Os erros mais comuns dos empregadores na hora da demissão

É no momento da demissão que muitas ações trabalhistas ganham força.

A forma como o empregador conduz o desligamento do funcionário pode evitar ou provocar um processo judicial.

Mesmo empresas bem-intencionadas cometem erros que, na prática, geram indenizações, multas e dor de cabeça.

Veja os deslizes mais frequentes e aprenda como evitá-los:

1. Falta de advertências formais antes da demissão por justa causa

Demitir alguém por justa causa sem histórico de advertências documentadas é, na maior parte das vezes, um tiro no pé.

A Justiça exige que a empresa comprove a gravidade e a recorrência da conduta.

Se não há registro prévio, o juiz pode entender que a penalidade foi desproporcional e reverter a demissão para “sem justa causa”, com todos os direitos garantidos.

2. Pagamento incompleto das verbas rescisórias

Muitos erros ocorrem no cálculo da rescisão: férias proporcionais, aviso prévio, 13º salário, multa do FGTS…

Qualquer valor incorreto pode gerar uma ação por diferenças salariais.

Lembre-se: além do valor em si, atrasar o pagamento da rescisão acarreta multa prevista no artigo 477 da CLT.

3. Não fornecer documentos obrigatórios

Carteira de trabalho sem baixa, guias do FGTS ou do seguro-desemprego não entregues, termo de rescisão mal preenchido…

Tudo isso gera instabilidade e dá margem a reclamações na Justiça.

Para evitar isso, faça um checklist de demissão e revise tudo antes da entrega final.

A formalidade protege ambas as partes.

4. Demissões sem diálogo ou explicação

Um desligamento feito às pressas, sem explicação clara ou com tratamento frio, pode gerar ressentimento e levar o ex-colaborador direto para um advogado.

Trate o momento com respeito, dignidade e empatia.

Uma demissão bem conduzida pode, inclusive, evitar litígios mesmo em casos mais delicados.

5. Não documentar a recusa do aviso prévio trabalhado

Se o funcionário não quiser cumprir o aviso prévio, tudo bem, mas isso deve ser registrado formalmente.

Sem esse registro, ele pode alegar depois que foi dispensado sem aviso, e cobrar o valor correspondente.

Então faça sempre os registros necessários.

Conclusão

Hoje você aprendeu que evitar ações trabalhistas não é uma missão impossível.

É, na verdade, uma questão de organização, bom senso e, principalmente, prevenção.

Ao longo deste artigo, você viu que a maioria das ações trabalhistas surge de erros simples e evitáveis, como falta de registros, comunicação falha ou demissões mal conduzidas.

Nenhuma empresa está 100% imune a processos, mas com as práticas certas, é possível reduzir drasticamente os riscos.

Lembre-se: cada funcionário que sai da sua empresa leva consigo uma impressão.

Se esse desligamento for feito com transparência e respeito, ele leva reconhecimento.

Mas se for mal conduzido, ele pode levar um processo trabalhista para a Justiça.

Por isso, sempre que possível invista em processos claros, controles eficientes e assessoria jurídica preventiva.

Essa é a base de uma empresa forte, segura e pronta para crescer com tranquilidade.

Esse era o assunto que eu queria abordar hoje.

Espero ter lhe ajudado.

E, se tiver mais alguma dúvida, fique a vontade para entrar em contato comigo.

Um abraço e até a próxima!

Saiba mais sobre como contratar um advogado trabalhista para sua empresa.

advogado Alfredo Negreiros
Advogado Alfredo Negreiros

Alfredo Antunes Negreiros, inscrito na OAB/CE sob o nº 43.475.

Sócio e fundador do escritório Alfredo Negreiros Advocacia.

Entusiasta de atividades físicas, apreciador de café, dedicado à família e amante de bons vinhos.

Outros artigos do Blog
Visão geral de privacidade

Este site usa cookies para que possamos fornecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.